5/15/2012

Efemérides de Maio

Oi turma!
Os meses estão passando, e logo nosso Projeto de Astronomia vai recomeçar.
Enquanto isso, vamos tentar fazer observações por conta própria. Eu sigo a disposição para ajudá-los, quem quiser pode comentar suas dúvidas sobre o céu e juntos tentaremos respondê-las.
Estou com muita saudade dos alunos do ano passado e ansioso para conhecer as novas turminhas desse ano. Vai ser muito legal estudarmos astronomia juntos!
Aproveite a "promoção" de observação de Vênus e das Três Marias, no lado Oeste do céu, por estes dias. Vênus poderá ser facilmente visível ao final das tardes, após o crepúsculo, como o astro mais evidente. Próxima a Vênus, abaixo (Oeste), por esses dias poderemos observar a estrela El Nath, que é a estrela Beta do Touro. Mas essa configuração logo sairá de "Cartaz".
Vamos ficar de olho no céu!!!
No início do mês ocorreram diferentes chuvas de meteoros, mas na cidade grande e com a luz da Lua, estas chuvas não pareceram-nos tão evidentes. Mesmo assim, vale a pena dar uma espiada no céu para tentar ver alguma "estrela cadente" no decorrer desse mês.

Mercúrio será visível sobre o horizonte Leste, antes do Sol nascer, até o dia 10 de maio.

Vênus continua linda e bem evidente no Oeste, após o pôr do Sol, nos finais de tarde.

Marte está bem visível no início das noites, um pouco ao norte do zênite.

Júpiter está em conjunção com o Sol e por isso não será visível este mês.

Saturno continua em Virgem, no lado Leste do céu no início das noites. No dia 22 estará aparentemente bem próximo de Espiga (Alfa de Virgem).

Dia 06 Lua Cheia no perigeu (mais próxima da Terra), a apenas 356.955 km de distância.

Dia 12 Lua no Quarto Minguante.

Dia 19 Lua no apogeu (mais distante da Terra), a 406.448 km de distância.

Dia 20 Lua Nova (haverá um eclipse anular nesse dia, mas não será visível do Brasil).

Dia 22 Lua como um delgado crescente, passando aparentemente próxima a Vênus.

Dia 27 Lua passando aparentemente próxima a Régulus.

Dia 28 Lua em Quarto Crescente.

Fernando

5/06/2012

O Nome das Estrelas

Ao longo de milhares e milhares de anos, nossos remotos ancestrais, foram percebendo e reconhecendo algumas estrelas no céu, especialmente as mais fortes, as que estavam no caminho da Lua e do Sol e as que chamavam atenção por formarem conjuntos de estrelas com alguma característica peculiar, fáceis de memorizar.
Além disso, nossos ancestrais notaram que algumas estrelas eram brancas ou azuladas, outras eram amareladas ou avermelhadas, e com um pouco de imaginação, era divertido associar imagens no céu, ligando os pontos brilhantes. Assim, cada povo foi criando suas próprias constelações.
Havia, no entanto,“estrelas diferentes” - eram cinco, que tinham uma luminosidade contínua, não cintilavam, e vagavam entre as estrelas, que por sua vez mantinham as mesmas medidas angulares entre si. A estes astros errantes os gregos chamariam de“Planetas”, e a cada um deles nominaram e atribuíram características diferentes, relacionando-os à sua mitologia.
Para as principais estrelas, os antigos também deram nomes, de maneira a identificá-las mais facilmente. Por exemplo, os gregos, que chamavam Marte de Ares, perceberam que de tempos em tempos, Ares passava ao lado de uma estrela vermelha muito forte, que de tão forte antagonizava (rivalizava) o brilho de Ares, e por isso a chamaram de Antares.
Existem livros, e outras fontes, encontradas na internet, que falam sobre a origem do nome das estrelas, e seu significado. É um assunto muito interessante. Oficialmente, o nome das constelações é escrito em latim.  O nome da maioria das estrelas, entretanto, é de origem árabe. Mas existem estrelas que ficaram mais famosas durante a "Época das Grandes Navegações", especialmente as do Sul. A estrela alfa da constelação da Crux (Cruzeiro do Sul), ganhou o nome do grande navegador português, Fernão de Magalhães, que a serviço do Reino de Espanha, comandou a primeira viagem de circunavegação do planeta Terra, entre os anos de 1519 a 1522. Magalhães é o nome da estrela alfa do Cruzeiro do Sul, que ainda tem Mimosa como a estrela beta, Rubídea como a estrela gama, e a quarta estrela da Crux, que chamamos de Delta Crucis. Entre Magalhães e a Delta Crucis tem uma estrelinha, chamada Intrometida!
Outro caso curioso é a estrela alfa da constelação de Orion. Trata-se de uma das mais fortes do céu, e sua coloração é nitidmente encarnada (avermelhada). Seu nome próprio é Betelgeuse, mas os estadunidenses gostam de chamá-la de Beetjuice (suco de beterraba, em inglês). É um "trocadilho" divertido.
Por volta do ano de 1603, um alemão chamado Johanes Bayer, sugeriu que a estrela mais forte ou a estrela que por algum motivo fosse considerada a mais importante de cada constelação, deveria ser chamada pelo nome da primeira letra do alfabeto grego, a segunda estrela mais forte ou mais “importante” da constelação, levaria o nome da segunda letra do alfabeto grego, e assim por diante. Hoje existem outras formas para nominar as estrelas, mas o sistema de Bayer ainda é o mais usual.
E quem dividiu o céu em 88 constelações?
Foram os próprios astrônomos, que no início da década de 1920, criaram a União Astronômica Internacional, e dividiram o céu em 88 partes. Poderia ser qualquer número, mas como o 8 desenhado deitado é o símbolo do infinito, os astrônomos quiseram fazer uma homenagem simbólica ao infinito, escolhendo o número 88. Destas 88 constelações, 12 são as do zodíaco. Então, toda constelação tem sua estrela alfa, sua estrela beta, sua estrela gama e assim por diante.
A partir de então, todas as cartas celestes passaram a ser padronizadas, para todos os povos da Terra, e na escolha dos nomes das constelações, deu-se prioridade para as constelações que constavam nos catálogos estelares mais antigos, mantendo-se o nome mais antigo das estrelas.
É muito legal saber o nome das estrelas, e reconhecê-las no céu. Eu não sei ao certo quantas estrelas posso chamar pelo nome, mas imagino que deve ser um número perto de cem. Parece muito, mas não é difícil reconhecê-las com o auxílio de um bom mapa, e identificá-las com lembranças de épocas ou acontecimentos. São estrelas com quem passamos a ter relação de saudade. As vezes eu acordo de madrugada para vê-las, quando faz muito tempo que eu não vejo algumas delas em especial.
Mas não precisamos saber o nome de tantas estrelas, para isso é que existem sistemas como o de Bayer. Por outro lado, existem 21 estrelas, de primeira magnitude, que se destacam no céu ao longo do ano. Vinte e um nomes não é muito difícil de lembrar, além disso, temos tempo para aprender, pois viveremos para sempre sob o céu. E antes de aprender o nome de uma estrela, precisamos ser apresentados a ela. Mas acredite, vale a pena conhecê-las para identificá-las no céu.
Que tal se a gente relacionar o nome destas 21 estrelas de maior magnitude aparente do céu, dizendo qual é sua letra grega no sistema Bayer e a sua respectiva constelação ?
Espero voltar em breve para continuarmos este papo, e para trazer as efemérides deste mês de maio.
Abraço a todos!
Fernando


A Magnitude das Estrelas

Cerca de cento e cinquenta anos antes da Era Cristã, um grego chamado Hiparcos, nascido em Nicéia, fez grandes contribuições para a astronomia, produzindo um catálogo estelar com aproximadamente 850 estrelas.

No catálogo de Hiparcos, as estrelas eram divididas em seis magnitudes. As mais fortes eram de primeira magnitude, e as que estavam no limite da visão humana, eram as de sexta magnitude. Isso quer dizer que as estrelas de primeira magnitude, no sistema de Hiparcos, são mais fortes que as de segunda magnitude, e as de segunda, são mais fortes que as de terceira, as de terceira magnitude são mais fortes que as de quarta, e as de quarta magnitude são mais fortes que as de quinta, e as de quinta, por sua vez, são mais fortes que as de sexta magnitude.

Com a necessidade de criar uma escala precisa, os astrônomos modernos aperfeiçoaram a graduação da escala de magnitude estelar, de uma maneira bem inteligente, mas esse assunto não é tão importante para nós nesse momento. Para a observação a olho nu, a escala básica desenvolvida por Hiparcos continua valendo.

Mas existem dois conceitos sobre a magnitude das estrelas, na astronomia moderna, que precisamos entender desde agora. São eles:

Magnitude Aparente - É a magnitude das estrelas, como podemos perceber a olho nu.

Magnitude Absoluta - É a magnitude que as estrelas teriam, se estivessem todas a uma mesma distância da Terra.

Ou seja, as vezes, uma estrela nem é tão luminosa como outras, mas como ela está mais perto da Terra do que as outras, ela aparenta ser maior e mais forte. Um bom exemplo é o Sol. O nosso Sol é uma estrela bem menor do que outras, como a Alfa do Boiadeiro (Arcturus), que é da mesma classe espectral (que tem uma composição parecida). Mas como Arcturus está muito mais longe do que o Sol (36 anos luz de distância), ele parece pequenino no céu, e o Sol, que está perto (8 minutos luz), parece enorme. Por isso a magnitude aparente do Sol, é bem maior do que a magnitude aparente de Arcturus. Mas se o nosso Sol e Arcturus, estivessem ambos a uma mesma distância da Terra, aí nós veríamos a magnitude absoluta, quer dizer, veríamos o verdadeiro tamanho do Sol em relação ao de Arcturus.

Legal, né? E fácil!

Esse papo de magnitude aparente e magnitude absoluta, me lembrou um ditado, que diz: "As aparências enganam".

Valeu, gente, até a próxima!

Abraço a todos!

Fernando