12/31/2012

O ÚLTIMO CREPÚSCULO DE 2012


Olá, turma!
         Agora é o início da tarde do último dia do ano de 2012. O Sol, na constelação do Sagitário, vai perdendo altura no céu claro e enevoado desta tarde mormacenta de verão, em que até os ventos pararam de soprar.
De onde escrevo vejo o Farol de Itapuã, suas faixas vermelhas e brancas contra o mar ao fundo. A espuma alva parece um crochê ornando a praia dourada que se estende a nordeste. Mas hoje o mar não está azul; o dia é claro, mas sem brilho. Mar... Céu... Agradecemos por tudo. Fica o sorriso alegre em nossas lembranças...
Enfim, chegamos ao último dia do ano. Mas, pensando bem, o fim é apenas uma convenção humana, necessária em seus objetivos práticos; computar o tempo e formular calendários é um dos principais frutos da observação celeste e da astronomia (como já vimos em artigo anterior). Mas o que é o fim senão a possibilidade de um novo início?
Eis, pois, que o crepúsculo é apenas uma passagem, a transição do dia que acaba, e para quem ama as estrelas é bonita a noite que fica.  Não tarda e outro belo crepúsculo faz nascer um novo dia.
Aprendi muito nesse ano que hoje finda. Aprendi com cada um de vocês, aprendi escrevendo para o nosso Blog, aprendi com meus pais, aprendi com minha mulher, com meus amigos. Aprendi muito observando o céu, a Lua, os planetas, as estrelas e toda a natureza. Agradeço a força e o carinho que todos vocês me deram quando eu atravessei um momento difícil, agradeço a direção da escola, a nossa querida coordenadora Bella, por me incentivar a estar presente na Mostra de Astronomia, e parabenizo as professoras Anne, Emilia e Emili, pelo excelente trabalho realizado em sala. Apesar das dificuldades, 2012 também deixará saudade.  
Daqui algumas horas, após o ocaso do Sol, veremos nascer, lindas, no sudeste, baixo no céu, Sírius e Canópus, que são, respectivamente, as estrelas de maior magnitude aparente do céu. No leste, ainda com o céu azul, poderemos ver Júpiter, e depois começarão a aparecer Rigel, Betelgeuse, Aldebaran, Belatrix, as Três Marias, Procyon, Póllux e Castor, e mais tarde nascerá a Lua, em Câncer.
Quando for meia noite, os fogos de artifício tentarão alcançar a constelação de Orion, onde ficam as Três Marias, que estarão próximas ao zênite, brilhantes no céu dos primeiros instantes de 2013, coroando nossas cabeças.
A noite será curta devido à proximidade com o solstício, ocorrido em 21/12/12, e lá pelas 3 horas e 45 minutos da madrugada nascerá Vênus, entre as estrelas da constelação do Ofiúco, ao lado do Escorpião. Quando Vênus tiver quase à meia altura entre o horizonte leste e o zênite, ascenderá Mercúrio sobre o oriente, anunciando o primeiro crepúsculo de 2013. O púrpuro e o dourado ganharão a linha do horizonte, e o Sol se erguerá para um novo dia.
O blog Despertar Para a Astronomia agradece a todos os que nos visitaram ao longo de 2012, e deseja um feliz 2013 para você, repleto de novos saberes, aprendizados e muitas observações do céu!
Forte abraço a todos!
Fernando


12/25/2012

PRESENTE DE NATAL



Oi turma!
Na noite de hoje, a Lua e Júpiter entraram em conjunção na constelação do Touro, seguindo-se a ocultação do planeta pela Lua. Este é o terceiro mês consecutivo que ocorre a ocultação de Júpiter pela Lua, em Touro. Para mim, foi um presente de Natal! 
 O encontro e a ocultação foram lindos, mas se você não viu, no mês que vem tem mais. Fique de olho no céu e nas efemérides de janeiro.

Abraço a todos e Feliz Natal!
Fernando

12/21/2012

FELIZ SOLSTÍCIO DE VERÃO PARA TODOS!

Olá, pessoal!

Hoje eu vim aqui para lembrar que este é o dia mais longo do ano, dia que marca a entrada do verão para o Hemisfério Sul da Terra, e entrada do inverno no Hemisfério Norte, e, como já vimos em artigo anterior, este é o motivo original pelo qual os povos, muito antes da Era Cristã, celebravam esta época do ano.

Também, a partir de hoje vamos começar a ficar temporariamente livres do assunto "fim do mundo". Nenhuma mente arrazoada aguentava mais esse ramerrão. Assim como as pessoas estão sujeitas a acreditar em teorias de conspirações lunares e de seres extra terrestres capturados pela NASA, muita gente se deixa envolver por estas crendices de fim de mundo baseadas em interpretações absolutamente incoerentes do calendário Maia. 

Os astrônomos maias foram verdadeiramente grandes conhecedores do céu e matemáticos habilidosos, capazes de formular um calendário bastante preciso, em certos aspectos superior aos principais calendários europeus do mesmo período, como é o caso do nosso calendário Gregoriano, do qual já falamos em outro momento.

Quanto mais preciso for um calendário em predizer as posições onde estarão no futuro o Sol e a Lua em relação à Terra e às estrelas, melhor ele será considerado. E o calendário Maia é capaz de prever longo período de tempo com precisão, em um engenhoso esquema matemático bastante diferente do nosso, que no entanto, não os dava poderes de prever catástrofes. Por tanto, mais uma vez fica claro o quanto é comum este tipo de especulação e quanta gente parece disposta a ser levada por estes enganos.

Então, aproveite bem o dia!
Desejo a todos um Feliz Soltício de Verão!! 

Fernando

12/06/2012

EFEMÉRIDES ASTRONÔMICAS: DEZEMBRO DE 2012



Olá, turma!
Estamos chegando ao final do ano de 2012 e é hora de aproveitarmos as férias da escola para pesquisar por nós mesmos alguns assuntos do nosso interesse.

Por isso eu vim aqui deixar algumas dicas de observação do céu para você acompanhar ao longo do mês. Não importa onde você passará suas férias, estaremos sempre sob o mesmo céu.
 
O mês de dezembro começou com o Sol na constelação do Serpentário (Ofiúco, em latim). A constelação do Serpentário fica ao lado norte da constelação do Escorpião, e sua estrela alfa se chama Rasalhage (2.06 de magnitude).

No dia 17.12 o Sol passa à constelação do Sagitário, onde permanecerá todo o restante do mês.

Dia 21.12 será o dia mais longo do ano! É quando, devido a inclinação do eixo da Terra, o Sol atinge a altura do Trópico de Capricórnio. 

Chamamos este acontecimento de Solstício de Verão. Ao longo dos seis meses desde o dia 21 de junho de 2012, dia após dia, o Sol percorreu toda a região do céu entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio, que ele atingirá no próximo dia 21.12.12. Então ele retornará o caminho inverso, sempre percorrendo de um Trópico ao outro entre junho e dezembro e de volta de dezembro a junho.

Os trópicos delimitam seu caminho aparente no céu. Quando ele alcança a altura do Trópico de Câncer, por volta de 21 de junho, ocorre o Solstício de Inverno no Brasil (a noite mais longa do ano), e quando ele alcança o Trópico de Capricórnio, como fará agora, em 21 de dezembro, ocorre o Solstício de Verão (o dia mais longo do ano). Entre um Trópico e outro, o Sol passa pelo Equador Celeste, que é a projeção do Equador Terrestre na esfera celeste, e quando isso ocorre acontecem os Equinócios, de Primavera em Setembro e de Outono em Março. As estrelas que estão nesta faixa do céu entre os trópicos, fazem parte  das chamadas constelações zodiacais. 



Mercúrio segue em Libra até o dia 12.12 quando então passa à constelação do Escorpião, e no dia 16 passa à constelação do Serpentário (Ofiúco). Dia 11 Mercúrio forma linda conjunção com  a Lua minguante no prelúdio da alvorada.

Vênus inicia o mês em Libra, formando uma linda configuração matutina com Saturno, Espiga e Mercúrio. No dia 11.12 entra em conjunção com a Lua minguante antes do nascer do dia. Dia 18.12 Vênus passa à constelação do Escorpião e oculta a estrela Grafias. Dia  22.12 Vênus passa à constelação do Serpentário (Ofiúco).

Marte segue na Constelação do Sagitário, erguendo-se no oriente do céu pela madrugada. Em finais de dezembro passará para a constelação do Capricórnio.

Júpiter segue como o astro mais evidente no céu, depois do Sol e da Lua, no início das noites de dezembro, no lado Leste do céu, próximo à estrela Aldebaran, do Touro. Como está em oposição ao Sol, Júpiter se encontra em fase cheia, e se destaca no céu, diferindo das estrelas por não cintilar, apresentando uma luz contínua e de tom amarelecido.

Saturno alcança a fronteira entre as constelações zodiacais da Virgem e da Balança (Libra).

Dia 06 Lua em quadra minguante.
Dia 13 Lua nova.
Dia 20 Lua em quarto crescente.
Dia 28 Lua cheia (em Gêmeos).

Boas observações!
Fernando

11/28/2012

28 DE NOVEMBRO DE 2012: OCULTAÇÃO DE JÚPITER

Uau, turma!
Foi incrível, alguém viu?

Daqui de casa tive uma visão privilegiada, desde quando a Lua nasceu entre um pouco de névoa no Leste, um grau acima de Júpiter e uns quatro graus ao norte de Aldebaran. 

Como a Terra, a Lua também gira para o Leste, e em seu movimento de translação, aos poucos ela foi aparentemente se aproximando de Júpiter e às 20 horas e 33 minutos  (em Salvador), Júpiter se ocultou a nordeste do Oceano Procellarum (depressão mais extensa na Lua). Foi um momento mágico...

Passados vinte e sete minutos, Júpiter começou a despontar no noroeste da Lua, na altura do Mar da Serenidade, e com o movimento lunar em torno da Terra, aos poucos ambos foram se afastando. Ainda estão muito próximos enquanto escrevo, Júpiter está apenas um grau a noroeste da Lua, e seguirão se afastando.

Foi em momentos assim que nossos ancestrais perceberam que a Lua percorre o céu de Oeste para Leste, igual a Terra. Observamos a Lua e o Sol ascenderem no Leste e declinarem no Oeste, porque a Terra gira muito rápido para o Leste, e nosso meridiano vai ultrapassando a Lua e o Sol à medida que a Terra gira. 
  
Lembram da linha do meridiano, que vimos no Planetário, ligando o Pólo Norte ao Pólo Sul, passando por sobre nossas cabeças? Pois... Outra hora falaremos mais sobre ela.

O que importa agora é que a conjunção e ocultação de Júpiter com a Lua hoje foi um momento muito especial, espero que você tenha tido a oportunidade de observar.

Abraços!
Fernando



    

ESTRELANDO: O ENCONTRO DA LUA COM JÚPITER

Pessoal!
Acabei de ver, agora, apareceu a estrela Aldebaran, à direita da Lua. Ela é uma estrela gigante vermelha muito famosa. 

A conjunção está muito linda, vou voltar lá para assistir, como eu falei ontem, talvez haja uma ocultação, que é quando a Lua passa bem na frente da estrela, ocultando-a. Mas se não ocultar, vai passar tão próximo que vai ser lindo de assistir. 

Quem observar, comente a observação que fez. Todo comentário será apreciado e bem vindo. 

Abraços!
Fernando

NOITE DE LUA CHEIA NA MOSTRA DE ASTRONOMIA




A noite de 27 de novembro de 2012 certamente será revivida em nossas memórias por muito tempo. Foi um momento em que paramos para ouvir nossas crianças falarem sobre planetas, sobre o Sol e a Lua e as galáxias distantes. A bordo da minha ‘cadeira espacial’, mais próximo à altura das crianças, em dado momento me senti em meio a uma festinha de aniversário... Tudo ao meu redor era divertido, era alegria. Para olhar para os adultos eu precisava virar a cabeça para cima, e até o pé direito do amplo saguão do Museu Parque do Saber me parecia mais alto... Mas ora, quem diria, aquela realidade era um sonho esperançoso e belo... Sobre as mesas, ao invés de doces, havia planetas e luas, e todo o Sistema Solar, mais estrelas e outras guloseimas científicas, que eu adorei... Era como uma doce e divertida brincadeira, e o objeto do nosso divertimento era o conhecimento e a astronomia.

Pensei em Newton, em Galileu, nos mistérios todos que velaram a humanidade durante milênios, sendo ditos assim, na voz fina e tenra destas gentes tão pequenininhas, com tão poucas translações, tão ávidas pelo saber... As informações saíam às vezes um tanto tímidas, outras vezes com grande facilidade. Alguns traziam seus textos na ponta da língua, outros os traziam com mais paixão, cada um ao seu modo, mas todos de forma consistente, digna, valorosa. As turminhas do terceiro ano da Escola Despertar nos mostraram ontem, com simplicidade e consistência, o quanto tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Para mim, visitar as apresentações, escutar as crianças falarem suas informações, foi o momento mais especial da noite.

Depois, mesmo com a luminosidade da cidade e da própria Lua cheia, fomos para o pátio do Museu para observar o céu. Além da Lua cheia, linda, que ascendia em Touro, pudemos ver as principais estrelas que estavam no céu no momento, que eram as estrelas Formalhaut, alfa da constelação do Peixe Austrinu; as estrelas Al Danab e Al Nair, da constelação do Grou; Archenar, da constelação do Eridanus; Altair e Tarazed, da constelação da Águia; e além destas, ainda nos esforçamos para observar, em meio a poluição luminosa, o brilho esmaecido de Deneb Algiedi e Nashira, do Capricórnio, e Hamal e Sheratan, do Áries.

Mas entre tantas estrelas, o que mais brilhava eram os olhinhos das crianças ao redor, confortados pela presença da família, em torno de uma atividade tão salutar, como a contemplação da natureza. A presença dos pais, mães, avôs e avós, tios e amigos, agregava muito valor àquele momento.

A certa altura eu perguntei para que lado girava a Terra, e escutei uma voz de criança responder em um tom seguro e certeiro: “-Para o Leste!” Em meio a mais de cento e sessenta pessoas, um menino tinha essa certeza: A Terra gira para o Leste!

Então eu perguntei quem havia respondido aquilo, e para minha surpresa, junto à parte de trás da minha cadeira, pronto a ajudar a empurrar se eu precisasse, estava o nosso querido João Francisco, que foi aluno do Projeto de Olho no Céu na sua primeira edição, em 2010. O João nunca esqueceu esta importante informação. E a partir daí, tenho certeza de que ninguém que esteve presente jamais esquecerá que a Terra gira para o Leste, porque, como nós falamos, se um dia ela mudar de direção, seremos todos os primeiros a saber, não é mesmo? :)

Então entramos para dar início à sessão na cúpula do Planetário. Uau! Lotamos as 165 poltronas, e outras muitas crianças preferiram o conforto do colo dos pais. O Planetário do Museu Parque do Saber Dival da Silva Pitombo estava feliz, pleno, realizado em seus objetivos.

Nossa querida coordenadora Izabella Saback iniciou a apresentação, agradecendo pela presença de todos e ao Museu, representado pelo planetarista Fábio Ramos, pela especial disponibilização do espaço para a Mostra, e nos falou um pouco sobre o "Projeto de Olho no Céu", em sua terceira edição. Então foi a vez das professoras Anne, Emilia e Emili, que parabenizaram suas respectivas turmas, agradecidas pelo empenho e receptividade demonstrada em torno do assunto. 
Chegou a minha vez, e com um microfone sem fio em uma mão e um apontador lazer na outra, esqueci-me que estava a bordo de uma cadeira de rodas, e me senti viajando no céu... Até agora eu fecho os olhos e lembro-me da cúpula do Planetário estrelada, e do quanto me parecia grande o significado de estarmos ali. Com os recursos da tecnologia do planetário Carl Zeiss, no conforto daquele prédio imenso e sofisticado, nos dedicamos a uma atividade tão atávica quanto a observação do céu.

Viajamos virtualmente para fora do nosso planeta, vimos a Terra do espaço, a dicotomia entre o dia, iluminado pelo Sol, e a noite, imersa na umbra da Terra, onde as grandes cidades se pareciam com ilhas de luz.  Demos um passeio pela Europa, o norte da África, vimos o curso do rio Nilo, a imensidão do Saara. Atravessamos o Atlântico e vimos as luzes de Salvador, tão fácil de achar por sua peculiar geografia, e ali ao lado da Capital da Bahia, distinguimos as luzes de nossa querida Feira de Santana, pórtico para o sertão.

Depois fomos à Lua, vimos o Mar da Tranquilidade, onde pousou a Apollo 11, pudemos ver a cratera de Copérnico se elevando iluminada sobre o Oceano Procellarum, que é a depressão mais extensa da Lua, e seguimos para Marte, depois para Júpiter, até chegarmos no ‘Senhor dos Anéis’, lindo Saturno.

Então partimos em uma jornada pelas estrelas, até os confins de nossa Galáxia, e a deixamos, e vimo-la de fora, e ao olhar ao redor, contemplamos uma imensidão de galáxias, formando uma superestrutura de conglomerados galácticos ligados por filamentos de galáxias, esboçando a feição de uma rede neural... Sim, de certa forma, observar o céu é olhar para dentro de nós mesmos. É conhecer um pouco sobre nossa própria origem, e diante da grandeza do Universo, não sentirmo-nos pequenos ou oprimidos, mas antes sim, sentirmo-nos parte dessa grandeza.

Assim, alcançamos o cume da III Mostra de Astronomia das turminhas de terceiro ano da Escola Despertar com uma retumbante e contagiante salva de palmas.

Ao sairmos, como havia sido dito durante a atividade, Júpiter nos esperava próximo à Lua, ganhando altura no oriente, ajudando a Lua a iluminar nosso caminho de volta pra casa.

Hoje, tenho certeza, muitos de nós, nos mais diferentes pontos da cidade, estaremos reunidos novamente sob o mesmo céu, para observarmos a linda conjunção entre Júpiter e a Lua.

Agradeço a todos mais uma vez, especialmente a nossa coordenadora Bella e à direção da escola por acreditar em um Projeto considerado tão vanguardista para a faixa etária, e agradecer especialmente às crianças por todo o carinho e atenção que me dispensaram e aos pais, cuja presença nos fortaleceu.

Desejo a todas as crianças ótimas férias, e um mês de dezembro cheio de observações do céu!

Forte abraço a todos.

Fernando H. Munaretto
Astrônomo amador