Vênus formava uma bela configuração ao lado da estrela Aldebaran, na constelação do Touro, ganhando altura no lado leste do céu, quando os primeiros tons luminosos do crepúsculo anunciaram que era chegada a hora alva do dia.
O céu foi dourando no oriente, os pássaros começaram a cantar e finalmente nossa estrela amarela tão bela foi erguendo-se sobre o horizonte.
Foguete Saturno na plataforma de lançamento.
Ao fundo a Lua: Missão Apollo 4
Amanhecia o dia 16 de julho de 1969, data programada para o lançamento da Missão Apollo 11, que deveria levar os primeiros dois astronautas para a Lua. Havia um clima de ansiedade e nervosismo no ar, o mundo todo estava acompanhando aquele esperado acontecimento, no entanto, o comandante da Missão no espaço, o astronauta Neil Armstrong (1930-2012), mantinha sua habitual calma e bom humor. Assim como seus dois companheiros, Edwin Aldrin (1930-) e Michael Collins (1930-), Armstrong estava acostumado a missões importantes e perigosas. Era piloto de caça veterano da Marinha e já havia estado no espaço a bordo de uma nave Gemini, se preparando para a grande missão de sua vida. Fora escolhido para ser o comandante justamente por sua capacidade de manter o controle em situações extremas.
Tripulação da Apollo 11. Da esquerda para a direita:
Armstrong, Collins e Aldrin
Dez... Nove... Oito... O Sol, na contelação dos Gêmeos, já havia ultrapassado o meridiano do Cabo Canaveral (Florida- EUA), enquanto a Lua, que estava em fase minguante (na constelação do Câncer), alcançava o zênite naquele início de tarde, quando começou a contagem regressiva para a partida. Uma voz firme seguia sendo ouvida pelo rádio: Sete... Seis... Cinco... Os corações se aceleravam... Quatro... Três... Dois...
Comparação de imagens do lançamento do foguete Saturno V (foto),
com o lançamento balístico da nave de Julio Verne (ilustração de 1865).
Eram 13 horas e 32 minutos daquele início de tarde quando o gigante de 110 metros de altura e cerca de duas mil e novecentas toneladas começou a tremer e roncar... E sob seus pés surgiram luses flamejantes e muita fumaça. No momento exato o gigante despertado foi finalmente liberto de suas últimas ancoragens e iniciou seu mergulho no céu, deixando atrás de si uma esteira de fumaça branca que riscou o céu azul daquele dia de verão. Quando cessou o barulho ensurdecedor, restou um silêncio profundo sobre a plataforma chamuscada, a perplexidade nos olhares, e a esperança nos corações. Enfim, o ser humano estava prestes a tornar um dos seus sonhos mais antigos e impossíveis em realidade.
Gente, a história é muito rica em detalhes, e as imagens, fotos e vídeos destes lançamentos são lindas demais. Eu espero um dia ter o privilégio de assistir presencialmente um lançamento espacial. Ao ler o livro do astronauta brasileiro Marcos Pontes, sobre sua viagem até a Estação Espacial Internacional, dá pra ter uma boa noção de como funcionam estas viagens. E, o mais interessante é que a base para os cálculos necessários para a realização destas viagens, foram as descobertas e enunciados feitos pelo astrônomo Isaak Newton (de quem já falamos), quase trezentos anos.
Às 3 horas e dez minutos do dia 19.07.69 a Apollo 11 ultrapassou o chamado ponto neutro de atração, e passou a estar sob a atração gravitacional da Lua.
No domingo 20.07., quatro dias depois de ter deixado a Terra no interior do super foguete Saturno V, o módulo lunar Eagle (Águia), se desacoplou do Módulo de Comando e Serviços (chamado de Columbia em homenagem a Julio Verne e a Colombo), e começou sua descida para a superfície lunar, com Armstrong e Aldrin a bordo, enquanto Collins permaneceu no Módulo de Comando, orbitando a Lua.
"Plano de voo" das viagens à Lua.
Às 20 horas e 17 minutos do dia 20.07 de 1969, o módulo lunar Eagle tocou o solo do Mar da Tranquilidade, local escolhido para o pouso. Uau! O próprio Armstrong pilotou o Eagle nos 150 metros finais da alunissagem e provavelmente esteve ocupado demais para apreciar a paisagem naquele momento, mas quando finalmente pousaram, olharam aquela imensidão estéril, aquele deserto cinza sob um céu negro, e Aldrin pensou em voz alta, com seu característico bom humor: "- Magnífica desolação!"
A superfície da Lua é um deserto cheio de carateras.
É realmente irônico que, ao alcançar seu sonho mais antigo e maravilhoso, o ser humano, ali representado por aqueles dignos astronautas, se encontrasse em meio a um imenso deserto, formidavelmente silencioso...
Acho que nesse momento voltamos àquela máxima que diz que não importa tanto onde a gente chega, mas o que a gente aprende no caminho.
Estar ali era um pequeno passo dado pelo homem, mas um grande salto para a humanidade. Foi mais ou menos essa a idea que expressou o comandante Armstrong ao pisar na Lua.
Estavam previstas quatro horas de espera dentro da nave antes que os astronautas desembarcassem, para que pudessem descansar e também por uma questão de cautela. Mas Armstrong e Aldrin estavam ansiosos e pediram permissão para a base de comando na Terra para desembarcarem antes do tempo regulamentado. A base, que ficava em Houston, acatou o pedido e eles se prepararam para descer. Os trajes lunares, que na Terra pesavam cerca de 84 quilos, na Lua pesavam apenas 14 quilos.
Vista do astronauta descendo do módulo lunar.
Armstrong abriu a porta da nave, sob a vigilância da lente de uma câmara de televisão, e desceu os nove degraus da escada até o solo. Às 2 horas e 56 minutos do dia 21 de julho, pisou na Lua. Em seguida desceu Aldrim. Na Terra, cerca de 600 milhões de pessoas os assistiam.
Ambos andaram pela superfície da Lua por pouco mais de duas horas. Deixaram uma bandeira e uma placa comemorativa, e uma série de equipamentos e outros objetos que não seriam necessários para o retorno, colheram cerca de 23 quilos de amostras de rochas e às 5 horas e 12 minutos voltaram para dentro da nave, onde passaram as horas restantes descansando para o retorno.
Horas depois, os motores foram ativados e o Módulo lunar começou o retorno. A parte inferior do Módulo serviu de base de lançamento e foi abandonada na Lua, enquanto a cápsula com os dois astronautas foi lançada para encontrar com o Módulo de Comando em órbita, acomplando-se com este às 21 horas e 35 minutos.
Às 4 horas e 57 minutos do dia 22 a Columbia escapou do campo gravitacional da Lua e, na quinta feira dia 24, depois de abandonar o Módulo de Serviço, a cápsula com os três astronautas entrou na atmosfera da Terra em alta velocidade.
Na estratosfera foram abertos os dois primeiros paraquedas auxiliares, seguindo-se a abertura de outros três paraquedas maiores.
A amerissagem se deu no Oceano Pacífico, às 16 horas e 50 minutos do dia 24 de julho, e os astronautas foram resgatados pela equipe de resgate do Porta Aviões Hornet, da Marinha Americana.
Ilustração mostrando como é a reentrada na atmosfera da Terra
Depois de reentrar na atmosfera da Terra, abrem-se os para-quedas
e a cápsula amerissa no Oceano Pacífico
Uma equipe treinada de marines resgatam os astronautas no mar.
Repare a semelhança da amerissagem
no romance de Julio Verne (1865): Os marines resgatam a cápsula de retorno.
Julio Verne era um estudioso da astronomia.
Bem, esse foi o meu relato da conquista da Lua. Trata-se de um relato bastante superficial e modesto, comparado com a riquesa de detalhes do assunto e seu potencial. Peço desculpas por qualquer eventual imprecisão.
As Missões Apollo que se seguiram foram ainda mais interessantes e vale a pena você conhecer mais esta história.
Espero que você tenha gostado de saber um pouco mais sobre o assunto, e agradeço a atenção e o interesse dos que leram este artigo. O que me motivou a escrever foi o interesse e a curiosidade das turminhas da terceira série da Escola Despertar, a quem o dedico.
Forte abraço a todos!
Fernando