Oi turminha!
Nesse final de semana eu recebi a cartinha da nossa querida
Clara Santos Nunes, aluna da terceira série da Escola Despertar, me perguntando
como que o astronauta consegue ficar na Lua.
Essa é uma pergunta muito interessante, que muitos coleguinhas querem saber,
então eu vim aqui hoje pra escrever um texto sobre o assunto, usando minhas
próprias palavras, e vou dedicá-lo para a Clara e para todos os leitores do
nosso Blog.
Desde as primeiras noites do mundo os seres humanos devem
ter olhado encantados para a Lua e as estrelas e se perguntado o que elas eram,
do que eram feitas e a que distância estavam da Terra.
Com o passar de muitos milhares de anos, os seres humanos
foram desenvolvendo meios e tecnologias que permitiram encontrar respostas para
algumas destas perguntas.
Descobrimos, por exemplo, que as estrelas são sóis, mas que
estão muito distantes no céu profundo, e por isso parecem pequeninas, enquanto
o nosso Sol, que também é uma estrela, está bem mais perto, e por isso
parece tão luminoso e podemos sentir seu calor.
Aprendemos também que as estrelas podem ser bem diferentes
umas das outras, em cor, tamanho, composição e temperatura. Algumas são bem
maiores que o nosso Sol, outras são menores; algumas são bem diferentes do
nosso Sol, e outras são bem parecidas.
E assim também são os planetas. Alguns planetas são bem
maiores do que a Terra, outros são bem menores. Alguns são bem diferentes da
Terra e outros devem ser bem parecidos.
Quando olhamos para Júpiter no céu, ele parece pequeno, com
uma magnitude parecida com a das estrelas mais fortes; isso porque ele está
muito longe, mais afastado do Sol do que a Terra. Mas na verdade Júpiter é bem
maior do que a Terra, e bem diferente, pois ele não tem crosta sólida, assim como Saturno, Urano e Netuno, Júpiter é um
planeta gasoso.
A Lua, por exemplo, gira em torno da Terra como um satélite
natural, mas, pensando bem, ela também é um pequeno planeta. A Lua é um pequeno
planeta orbitando um planeta maior, e ela tem sua própria história e suas
próprias características.
Por exemplo, a Lua produz gravidade, como a Terra e como todos
os planetas, só que a Lua é muito menor do que a Terra, e principalmente por
ser a Lua mais leve e menos densa que a Terra, a gravidade na Lua é menor do
que na Terra. Para ser mais preciso, é seis vezes menor!
Isso ajuda muito na hora da alunissagem (aterrissagem na Lua)
e no momento do retorno, pois lutando contra uma gravidade menor, a
nave economiza muito combustível.
Da mesma forma, os trajes dos astronautas, que na Terra
parecem bem pesados, na Lua se tornam seis vezes mais leves.
Esses e outros inúmeros detalhes tem grandes consequências
para os cálculos da viagem.
Outra grande diferença física da Lua para a Terra, é que na
Lua não existe atmosfera. Sem atmosfera, não existe ar para respirarmos, e
também não vai existir chuvas, nem ventos.
E não é só isso, sem atmosfera não
existem camadas protetoras para a radiação dos raios solares, e no caso da Lua
a temperatura pode alcançar mais de 100º Celsius acima de zero na parte iluminada pelo
Sol, e menos que 100º Celsius abaixo de zero na sombra. Nossa, que extremos!
Através de observações e de missões não tripuladas, descobrimos que a Lua tinha um solo rochoso, coberto de uma
camada de pó tão fino como o talco.
Aos poucos mapeamos o relevo da Lua,
estudamos sua geografia (ou lunografia), e escolhemos os locais mais seguros e adequados para
os futuros pousos com seres humanos.
Começamos (nós, seres humanos) a desenvolver trajes e
equipamentos especiais, que ainda não existiam, e fomos aprendendo muito ao fazer.
Para um astronauta ficar na Lua por tantas horas, ele precisa
de um equipamento que permita levar todo o oxigênio para respirar, como os mergulhadores, que ficam muitas horas no fundo do
mar.
O astronauta vai precisar usar um traje pressurizado (que mantém a pressão), que seja capaz de manter sempre a mesma temperatura
interna, e que seja capaz de
protegê-lo da radiação solar.
Estes trajes espaciais completos são como unidades
individuais de sobrevivência, você pode até fazer xixi sem sair de dentro.
Por tudo isso, por terem sido especialmente desenvolvidos e
usarem matéria prima especial, e principalmente por estarem restritos a uma
atividade altamente especializada são equipamentos muito caros.
A nave dos astronautas também precisa ser toda autossuficiente
de energia, ar, água e comida, para executar a operação de ida e volta
completa, com alguma reserva. Vai tudo muito apertadinho.
Muitas destas viagens deram erradas, e entre elas, a mais
famosa foi a terceira expedição para a Lua, em abril de 1970. Durante a viagem, que leva cerca de
quatro dias, houve a explosão justamente de um tanque de oxigênio da nave, e os astronautas, sob o comando do astronauta James Lowell, tiveram que desistir
de chegar na Lua, e precisaram voltar rápido, antes que o oxigênio e a energia que restava terminasse. Os jornais do mundo todo acompanharam com atenção o desenrolar dos acontecimentos. Será que os três astronautas conseguiriam retornar para a Terra?
Em conversas pelo rádio, os astronautas e a equipe em terra
trabalharam em conjunto e com muita eficiência conseguiram vencer as dificuldades, voltando todos com vida e amerissando (aterrissagem no mar) no oceano Pacífico, de onde foram resgatados pela Marinha. Foi a Missão Apollo 13.
As missões lunares duraram até 1972, foram sete viagens ao todo, seis deram certo e uma não conseguiu chegar, retornando à Terra. Todas as missões tinham três tripulantes, e das seis missões bem sucedidas, doze astronautas andaram na Lua. Em todas as missões um astronauta permaneceu na nave, em órbita da Lua. Na Lua os astronautas fizeram experiências, coletaram amostras de rocha, e instalaram equipamentos como antenas de comunicação, câmaras de televisão, sismógrafos, refletor de raios lazer (que permitiu medir a distância exata entre Terra e Lua), e até um veículo lunar de quatro rodas. Da Lua as Missões Apollo trouxeram cerca de 385 quilos de material, basicamente amostras de rochas e elementos do solo lunar, que analisadas em Terra nos deram muitas informações sobre a Lua.
A história da navegação espacial até aqui, foi uma história
cheia de incertezas, perdas, conquistas e sucesso, mas o mais legal é que as
descobertas e o desenvolvimento das viagens espaciais está toda documentada. A
história da navegação espacial é muito rica e contemporânea (da época atual), e
a astronáutica estará cada vez mais presente em nossas vidas.
O Brasil tende a se tornar uma das grandes potências
espaciais do século 21. Nós temos muito potencial humano e em recursos, temos os
objetivos certos, que são os pacíficos, temos um dos melhores pontos de
lançamento de foguetes do mundo, no Maranhão, e temos interesse mercadológico e
científico. Um bom exemplo de necessidade de mercado são os satélites, que tem muitos fins importantes e diferentes.
Por isso, eu tenho o palpite de que nas próximas décadas o
Brasil precisará de muitos profissionais, de todas as áreas, trabalhando com a
pesquisa espacial e a astronáutica.
Espero ter ajudado a esclarecer algumas das suas dúvidas de como os
astronautas ficam na Lua, minha querida Clara.
Este assunto é muito legal e tem
muito mais histórias e detalhes. Logo eu volto contando um pouco mais sobre os
primeiros passos da conquista da Lua.
Um abraço a todos!
Fernando
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