12/22/2013

O GUARDADOR DE ESTRELAS

Queridos amigos!

Há muitos anos referencio certos momentos importantes da minha vida pessoal, com a estação do ano em que aconteceram. Assim, tenho muitas lembranças de solstícios e equinócios passados que por algum motivo foram muito marcantes. Esses momentos da revolução da Terra em torno do Sol são sempre muito especiais, não só para os seres humanos, mas para todas as formas de vida na Terra. Afinal, quem poderá conhecer melhor o caminho do Sol do que as árvores e as plantas que se alimentam dos raios solares para fazer sua fotossíntese? Ou do que as aves migratórias que regulam seus hábitos pelas estações do ano?

Pois, me lembro da primeira vez que ouvi essa palavra: solstício. Foi meu amigo Álvaro que falou e me explicou o que era um solstício, enquanto estávamos viajando num fusca cor de vinho modelo 1963, para os Aparados da Serra - RS, na noite do solstício de inverno de 1994.

O solstício de verão de 2013 ficará marcado para mim pela oportunidade que recebi de abrir um blog próprio, alojado em um importante Portal de Notícias da internet, que é o iBahia, da Rede Bahia. De forma que me sinto feliz pela oportunidade e gostaria de dividir esse momento com todos vocês, que acompanharam o blog Explorando o Céu ao longo dos últimos vinte meses.

Quero aproveitar a oportunidade para agradecer àqueles que se expressaram por meio de comentários ou se inscreveram como seguidores, nos incentivando muito com isso. Agradeço ainda e a nossa querida coordenadora Izabella Saback, à direção, a toda a equipe de educadores e funcionários da escola. Educação integral é um trabalho de equipe. Nosso maior motivador foram as crianças das turmas da segunda série Despertar com quem tive oportunidade de aprender tanto nesses últimos anos. Por fim, agradeço também a cada visita anônima, que contribuiu para estabelecer tacitamente um senso de comprometimento e continuidade entre visitantes e autores, essencial na relação e na ação de alimentar um veículo como esse por tantos meses consecutivos. 

Continuarei a escrever para o nosso blog e espero que quando recomeçarem as aulas e a nova temporada de observações do céu com as turmas, eu possa escrever ainda mais.

Desde já convido a todos para visitarem meu blog pessoal, o nome dele é "O Guardador de Estrelas" e segue o link para acessá-lo. O nome é uma referência ao poema "O Guardador de Rebanhos", de Fernando Pessoa e também uma referência ao fato de que um observador do céu é uma espécie de pastor, ou guardador dos astros no céu. E fazer isso por amor é o que nos torna amadores. Amadores do céu. Astrônomos amadores.

Obrigado a todos e conto com a companhia de vocês nessa nova jornada.

A seguir, reproduzo aqui o artigo que escrevi e postei ontem no O Guardador de Estrelas, pelo dia do Solstício de Verão de 2013.
Um forte abraço a todos!   

http://www.ibahia.com/a/blogs/estrelas


O GUARDADOR DE ESTRELAS - FELIZ SOLSTÍCIO PARA TODOS!
 
Hoje é um dia especial, celebrado ao longo dos milênios por todos os povos da Terra. Nesta manhã acontece o solstício de verão para o hemisfério sul (e de inverno para o hemisfério norte).

Sols-quê? Solstício! Essa palavra, um pouco engraçada, deriva de um étimo latino para “Sol estático”. É o momento na revolução da Terra em que o Sol alcança um dos trópicos que delimitam seu ponto de maior afastamento aparente em relação ao equador, ao longo do ano. Então, após parecer estacionário, nascendo por alguns dias nesse mesmo ponto, reinicia seu caminho aparente, nascendo dia após dia mais próximo ao trópico oposto, onde chegará seis meses depois, ocasionando outro solstício. Hoje pela manhã, nossa bela estrela amarela alcançará o trópico de Capricórnio (latitude aproximada da cidade de São Paulo), será o dia mais longo do ano e, portanto, a noite mais curta.

No solstício de inverno, em junho, o Sol alcança o trópico de Câncer. Em seu caminho aparente de um trópico a outro, quando o Sol intercepta o equador celeste, que por definição é a projeção do equador terrestre na esfera celeste, ocorrem os equinócios.

A palavra equinócio também deriva de um étimo latino para “noite igual” ao dia. Os equinócios podem ser de primavera ou de outono. Em quase todo o Brasil, com exceção de parte dos estados de Roraima e Amapá (que se estendem ao norte do equador), em março o equinócio é de outono e em setembro é de primavera.

Em outras palavras, se você já completou muitas revoluções a bordo da Terra em torno do Sol, já deve ter percebido que em junho o Sol nasce e se põe no seu limite mais ao norte do leste (L) e as noites são mais longas que os dias. Em dezembro o Sol nasce e se põe no seu limite mais ao sul do leste e os dias são mais longos que as noites. Nos equinócios o Sol nasce no exato ponto cardeal leste e os dias e noites tem a mesma duração de tempo.
Nascer do Sol no Solstício de inverno do hemisfério sul da Terra
Por volta do dia 21 de junho, o Sol alcança o Trópico de Câncer, nascendo no limite mais ao norte do cardeal Leste (L). É o solstício de inverno, o dia mais curto do ano para os habitantes do hemisfério sul da Terra. www.stellarium.org


Ilustração do nascer do Sol nos Equinócios
Por volta do dia 21 de março e do dia 21 de setembro, o caminho do Sol intercepta o equador celeste, que por definição é a projeção do equador terrestre na esfera celeste, nascendo no exato ponto cardeal Leste (L). É o momento do equinócio de outono, em março, ou da primavera, em setembro. www.stellarium.org


Nascer do Sol em 21 de dezembro - Ilustração solstício de verão
Por volta do dia 21 de dezembro o Sol alcança o trópico de Capricórnio, nascendo no limite mais afastado ao sul do cardeal Leste (L), ocasionando o dia mais longo para o hemisfério sul da Terra. www.stellarium.org

Lembra que em junho fazia frio? Agora é dezembro e está quente, não é?

Os solstícios e equinócios determinam a entrada oficial do que chamamos de estações do ano e ocorrem porque o eixo de rotação da Terra tem uma inclinação superior a 23º em relação a seu plano orbital em torno da região equatorial do Sol, realizado a cada 365 dias, aproximadamente (movimento de revolução em torno do Sol).

Essa mecânica não é muito difícil de entender, quando bem ilustrada, explicada e pensada. Vamos voltar ao assunto “Estações do Ano” com a devida atenção em outro artigo; por ora gostaria de chamar atenção para o fato de que, ao longo da história, todos os povos, sem exceção, perceberam esse movimento aparente e cíclico do Sol e desenvolveram em suas culturas, de forma independente entre si, elementos da observação celeste e da astronomia. Afinal, era preciso computar o tempo entre um evento e outro, não só no ciclo de poucos dias, mas também ao longo de períodos maiores, como o ano.

Ilustração esquemática das estações do ano
Perceba na ilustração acima que em dezembro o Polo Norte da Terra fica imerso na noite, enquanto em junho é a vez do Polo Sul imergir na umbra. Durante os meses de março e setembro ambos os polos são iluminados pela luz solar da mesma forma e durante o mesmo tempo. O que ocasiona as estações do ano é justamente a inclinação axial da Terra e o movimento de revolução da Terra em torno do Sol. www.cienciaviva.pt

Devido às condições geográficas, alguns grupos humanos tiveram maior necessidade de desenvolver estes conhecimentos (especialmente os que habitavam regiões sujeitas a períodos rigorosos de frio e neve, enchentes ou de prolongadas estiagens sazonais), enquanto outros grupos, agraciados por condições climáticas mais amenas ao longo de todo o ano, o que lhes permitia viver em permanente condição de caça, pesca, coleta e agricultura rudimentar, sentiram menos necessidade de desenvolver conhecimentos astronômicos sofisticados, embora tenham percebido e delimitado os pontos aproximados  dos solstícios e equinócios e em suas cosmogonias tenham todos feito do céu a morada de seus Deuses, de seus entes finados e de seus mitos.

O solstício de dezembro também tem a ver com o Natal e falaremos um pouco sobre isso no próximo artigo. Por ora, aproveitemos o dia mais longo do ano. Nossa! A noite foi realmente curta, os pássaros já estão cantando. O dia mais longo do ano começa a nascer. 
Carpe diem!


Fernando

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