Olá, amigos!
Quando
o dia de hoje chegou o ascendente era o Escorpião e Dshubba fulgurava
entre a névoa sobre o mar, como se fosse a luz de top de um navio
distante surgindo sobre o horizonte.
Ganhando
altura no oriente, Saturno, na Balança, parecia sereno em seu tom
amarelo e alto no céu Marte, com seu brilho encarnado, contrastava com o
alvo-azulado de Espiga, estrela Alfa Virginis.
Na
região norte do céu, as estrelas da Ursa Maior fulguravam lindamente.
Suas principais estrelas são tão bonitas, e as menores são tão
peculiares, que quem as conhece jamais esquece. Na segunda metade de
janeiro andou brilhando uma supernova por lá, na galáxia M82.
O nome
de suas principais estrelas, eu apreendi em uma noite, por volta de
1999, quando observava o céu com um grupo de amigos. Naquele momento,
nos restava um único palito de fósforo para alumiar o mapa e podermos
ler o nome das estrelas. Nos concentramos para aproveitar aquela
derradeira fonte de luz e, quando a chama de fósforo clareou o mapa, e
até enquanto ela consumiu quase todo o palito, pudemos ler os nomes das
principais estrelas da Ursa, estrelas que, unidas por uma linha
imaginária, me lembram mais a figura de uma caçarola emborcada do que a
de um urso.
São elas, pela ordem de Bayer: Dubhe; Merak; Phad; Megrez; Alioth; a dupla Mizar e Alcor e finalmente Alkaid.
Pois,
todos esses nomes nos coube alcançar ler à luz de um palito de fósforo, e
aquele momento foi tão marcante que ainda posso ler os nomes no mapa
iluminado por aquela flama, já antiga, mas que persiste acesa na
lembrança. Eu já conhecia a Ursa e suas estrelas, mas daquela noite em
diante não esqueci mais seus nomes.
No
ocidente o Touro declinava se pondo sob o horizonte à zero hora do dia
onze, seguido pela belíssima Capella (Cabra, em latim), Alfa da
constelação do Pastor e uma das estrelas mais belas e magnânimas do
firmamento.
Para
os observadores do hemisfério sul, Capella quase sempre é observada
próxima do horizonte nordeste, norte ou noroeste, e seu brilho sofre um
intenso efeito de refração atmosférica, emprestando-lhe uma fulguração
especial. Mais acima, via-se a Lua com seu aspecto giboso crescente,
entre a estrela Alhena e o planeta Júpiter, em Gêmeos.
Na
região sul do céu, a hora zero do primeiro dia do segundo terço do mês
encontrou o Cruzeiro do Sul bem alto no sudeste do céu da Bahia, quase
em pé, quando seu eixo maior alinha com o meridiano local, apontando
diretamente para o cardeal sul e de onde, então, passa a declinar rumo
sudoeste, sempre seguido pelas estrelas "Guardiãs": Rigil Kentaurus e
Hadar (respectivamente as Alfa e Beta do Centauro).
Na
imagem acima, à direita do ponto cardeal sul (S), vemos uma mancha tênue
sobre o horizonte e alguns graus acima dela, seguindo em uma diagonal
levemente inclinada à direita, há outra mancha, um pouco maior: são as
Nuvens de Magalhães, galáxias satélites da nossa galáxia. E no extremo
canto direito superior da imagem encontramos a segunda estrela de maior
magnitude aparente do céu, nossa bela Canópus.
Cannopus
era o nome do timoneiro do Argus, o navio mitológico, que foi dividido
em três constelações: Carina, Vela e Pupis, em latim, ou,
respectivamente Carena, Vela e Pôpa, em português.
O
Sol começou o segundo terço de fevereiro na constelação do Capricórnio,
mas já entre os dias 15 e 16 alcança os limites oficiais da constelação
do Aguador, onde permanecerá o restante do mês.
Vênus
deixou a constelação do Escudo e se encontra em Sagitário, onde passará
todo o segundo terço do mês. Nos dias 19 e 20 Vênus entrará em
conjunção com as estrelas Rho e Upsilon do Sagitário.
Marte tem nos proporcionado um belo desfile pelas estrelas de Virgem desde o início do ano. Um desfile marcial.
A cada dia nascendo mais cedo sobre o horizonte leste, nosso vizinho vermelho vai entrando em oposição ao Sol e ficando a cada dia mais evidente no céu. Mas atenção com as pegadinhas marcianas, principalmente em agosto, quando todos os anos chovem boatos virais fantásticos sobre Marte alcançar a magnitude da Lua e coisas assim.
Ares, como Marte era chamado pelos antigos gregos, permanece todo o segundo terço de fevereiro na Virgem e na noite de 19 nascerá em conjunção com a Lua, proporcionando um belíssimo espetáculo, capaz de mexer com os amantes do céu.
Não perca! Avise seus amigos, essa dica é quente e vale a pena replicar:
ENCONTRO COM MARTE E LUA! (como ilustrado na imagem acima).
Hora: A partir das dez horas da noite.
Dia: 19 de fevereiro.
Local: Quadrante leste do céu, em algum lugar próximo de onde você estiver. Observação gratuita.
Nosso
querido Júpiter continua sendo a atração do céu de fevereiro,
facilmente visível no quadrante leste do céu, ao início das noites, na
constelação dos Gêmeos. No dia onze a Lua pode ser observada em Gêmeos,
próxima a Júpiter. O planeta, que passou o janeiro em conjunção com a
estrela Wasat (Delta Geminorum), agora se aproxima angularmente da
estrela Mebsuta (Epsilon Geminorum).
Saturno
segue sereno e belo com seu tom amarelo entre as estrelas da Balança,
nascendo no quadrante leste do céu a partir de 23 horas, e cada dia mais
cedo. Um telescópio modesto já é capaz de fazer ver o sistema de anéis
de Saturno, como um halo de luz ao redor do planeta.
Dia 11 Lua em Gêmeos, em seu aspecto de giboso crescente, a menos de 8º de Júpiter.
Dias 12 e 13 Lua em Câncer.
Dia 14 Lua cheia, em Leão, a cerca de 5º da estrela Alfa Leo (Régulus). Não deixe de observar, pois além de ser um belo espetáculo, será uma excelente oportunidade para identificar a estrela Régulus e a constelação do Leão.
Dia 15 Lua cheia entre o Leão e o Sextante.
Dia 16 Lua no Leão se aproximando de Virgem.
Dia 17 Lua nasce a partir de 19:50h em Virgem, a cerca de 3º da estrela Zaniah.
Dia 18 Lua em Virgem se aproxima de Marte e Espiga.
Dia 19 Lua em conjunção com Marte e Espiga em Virgem, à partir de 21:50h no quadrante leste do céu. Se programe para observar, avise seus amigos, será uma bela configuração e uma ótima oportunidade para identificar Marte.
Dia 20 Lua nasce em conjunção com Zuben El Genubi, estrela Alfa da Balança (Libra).
Fique
ligado no céu e, se o bom tempo permitir, não deixe de observar esta Lua
cheia em Leão e a conjunção da Lua com Marte na Balança.
Boas observações!
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